Desde os primeiros estudos realizados na década de 1970 por pesquisadores brasileiros, o canabidiol (CBD) tem mostrado potencial efeito antiepiléptico. Em diversos modelos de convulsões em animais, o CBD demonstrou resultados indicativos de efeito terapêutico em grande parte dos estudos realizados.
Em um estudo prospectivo, duplo-cego, controlado por placebo, realizado com pacientes portadores de epilepsia do lobo temporal com crises convulsivas secundariamente generalizadas, o CBD foi adicionado à medicação existente dos pacientes por um período de até 18 semanas. Dos oito pacientes tratados com CBD, quatro deles mostraram uma melhora significativa em sua condição, ficando praticamente livres de crises durante a maior parte do estudo. Outros três pacientes apresentaram melhora parcial, enquanto apenas um paciente não mostrou melhora. Além disso, três pacientes tratados com CBD também mostraram melhorias no eletroencefalograma (EEG). Em contraste, dos pacientes que receberam o placebo, apenas um apresentou melhora, enquanto sete permaneceram inalterados. É importante destacar que o CBD foi bem tolerado por todos os participantes do estudo.
Em um estudo retrospectivo publicado em 2013, 19 pais de crianças com epilepsia resistente aos tratamentos habituais foram entrevistados sobre o uso de um extrato de cannabis rico em CBD. Neste estudo, 83% dos pais relataram uma redução no número de crises em seus filhos.
Essas descobertas sugerem que o CBD pode ser uma opção terapêutica promissora para o tratamento da epilepsia, especialmente em casos de epilepsia refratária em que os tratamentos convencionais não são eficazes. No entanto, é importante ressaltar que cada paciente é único e que o tratamento com CBD deve ser personalizado, supervisionado por um profissional de saúde qualificado e realizado com o devido acompanhamento médico.
Embora os resultados sejam encorajadores, mais pesquisas são necessárias para melhor entender os mecanismos de ação do CBD na epilepsia e para estabelecer protocolos de dosagem adequados. A pesquisa contínua nessa área é fundamental para expandir o conhecimento científico e fornecer opções de tratamento mais eficazes para pacientes com epilepsia.
